quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Noite longa..

Já passava da uma da manhã, quando o telefone tocou. Estaria ele há espera que ele toca-se para só depois dormir? Eras ela que lhe ligava. Atendo, não atendo, penso. Não, não ia atender, ela não o iria ter sempre que quisesse, pensou ele. Mas ela insistiu mais duas vezes e ele resistiu para não atender, quando deixou de insistir ele percebeu que a noite ia ser longa, as dúvidas começaram de novo e aquela inquietação preencheu-lhe o corpo. A noite tantos dias como sua companheira e agora não mais que uma inimiga. Se calhar fiz mal em não ter atendido, pensou, se ela ligasse de novo talvez atendesse, já há tanto tempo que não ouvia a sua voz. Tinha saudades dela, da voz do toque, daquele sorriso de orelha a orelha dos olhos pretos como duas azeitonas, ele queria que aquilo acabasse depressa, queria fugir daquele passado, seguir com o presente, com quem o pudesse acompanhar por completo…mas era lhe tão difícil, ela significa tanto. E enquanto tentava acalmar a inquietação que sentia por dentro recordou-se de dias em que mesmo depois de horas juntos as saudades ainda prevaleciam, recordou-se dela, como poderia ela fazer tudo aquilo, prende-lo a si daquela maneira?
O seu pensamento é quebrado de repente porque ela resolve insistir, não se deu por vencida no primeiro “round”. Atendo, não atendo, pensou mais uma vez, a verdade é que não devia, mas eras ela, e ele ao mesmo tempo que queria atender e puder estar com ela, saber o que tinha feito, queria fugir para bem longe de dali e de tudo o que o prendesse a ela.
— Diz. – Disse ele por fim, para criar um gelo, não queria que pensasse que o tinha preso, ou que estaria feliz por saber que o que tinham não tinha morrido nela também.
— Se não querias falar, não precisavas de ter atendido.¾ disse ela tu numa forma ainda mais fria que a dele, sempre o venceu na imparcialidade, percebeu que se calhar não deveria ter atendido assim, ela parou um pouco e continuou .— Queria dizer-te que tenho saudades tuas, queria pedir-te o método, para fazeres o que tens feito até agora para te esqueceres de tudo o que passamos, como é que a magia que nós criamos pode desaparecer de ti, como pudeste passar tudo isto para trás das costas e seguir em frente, sem sequer olhares para trás..— calou-se como que recuperando de novo a força e retomou. — Que te interessa, o que penso o que sinto, sou eu não é?? E já passou algum tempo, tens razão que importância faz isto tudo, foi tempo perdido da minha parte este telefonema. Fica bem. Adeus. — E antes que sequer ele pudesse dizer alguma coisa desligou.
Ele queria ligar-lhe, dizer-lhe que estava errada, que ela continuava e continua a representar o mesmo, que tem saudades de passear na praia ...de se rir com ela…dela e de todos os pormenores que ela lhe mostrava. Sua estúpida porque me fazes sentir assim, que raiva isto tudo…queria puder arrancar-te de mim, ou então puder ter-te comigo mais tempo, sempre, pensou.
Agarrou no telefone, marcou o número dela , mas parou, será melhor para os dois, pensou.
Sentiu-se um cobarde por não lhe puder revelar tantas coisas, mas era lhe tão difícil, abriu as portadas das janelas do seu quarto e procuro a lua e as estrelas, talvez elas o acalmassem e o levassem junto a ela...
Enquanto tentava procurar no céu a estrela mais pequenina de todas, pensou, amanhã vou ultrapassar as minhas próprias barreiras e mostrar-te o quanto te amo, por agora tenho só que arranjar força para ultrapassar esta noite longa...estás cá nunca saíste e eu vou provar-te...

3 comentários:

Anônimo disse...

ola*** gostei imenso ... parece real...e n sera?acredito que hajam situaçoes como esta,ou pelo menos parecidas,pq tanta complicaçao qd as coisas sao tao simples?...
ja agora andas t a beber? lol
beijao;)* noca

tatiana disse...

Porque é que muitas vezes escondemos o que sentimos? Quando tudo seria muito mais fácil se fossemos sinceros?

Não percebo...

É uma situação vulgar mas ao mesmo tempo intrigante. Será o orgulho, o medo de não ser correspondido ou uma simples timidez?

beijinho*

N disse...

HÁ situações como esta. Estupidamente existem, incontornáveis. Quando atendemos o telefone já é tarde para voltar atrás, falta a palavra certa para derreter o gelo em vez de o picar e picar cada vez mais. são inevitáveis e quando a melhor solução seria desligar o telefone, isso só pioraria tudo. Caminho sem retorno!? Não, descansa =)
Mas são situações TÃO desnecessárias..!