quarta-feira, agosto 30, 2006

(in)Digno

Tiras as mãos dos olhos e percebes que o que foste já não és e que o que és nem retrato é do q foste, caís de joelhos e perguntas porque te traí.
Sinceramente não percebo esta vontade que tenho em me explicar perante a tua pessoa, mas ultimamente tem sido mais forte do que eu.
Se fosses mais sonhadora tentaria fazer da minha vida uma história fantasiosa cheia de ogres, duendes, fadas paixões e desventuras, mas olho para ti, e mais do que ver a tua frieza nos olhos, sinto o frio do teu peito a gelar-me os lábios.
Por isso, vou ser franco pelo menos uma vez, já que das outras me tentei enganar mais a mim do que aos outros.
Há dias atrás perguntaste-me quem sou e de onde tinha crescido este calor que me enche o peito e me faz convencer-te que o sol ainda brilha em ti. Disse-te que o beijo que um dia provei, me tinha enfeitiçado, e que tinha um sol no lugar da máquina que nos move, e que de todas as maneiras lhes tentamos chamar coração. Disseste-me que sou bom contador de estórias, mas que nenhuma te intimidava nem tão pouco te faria sonhar. Nessa altura passei a seguir de perto todos os passos, todos os beijos que deste pelos quais de longe derramei uma lágrima, todas as noites de loucura, que eu assisti calado a ver-te chorar depois de cada homem que por ti passou te abandonar.
Sou o desgraçado que de longe te observava, sou o vagabundo nojento que de dia te rejeitava e de noite procurava encontrar cada pedaço teu em cada beijo que a outro davas. Sou (in)digno de ti, porque olhei para ti de todas as vezes que sentiste prazer com outro e nunca te lembraste sequer do sabor da minha boca.
De joelhos caís, e é de joelhos que te quero ver, a pensar que te traí, sem nunca ter provado o sabor de outro beijo se não o teu, e agora que vês o meu sol congelar nas tuas mãos, depois de arrancares o pouco que restava dele em mim. Tiras as mãos dos olhos e percebes que o que foste já não és, e que o que és nem retrato é do q foste, caís de joelhos e perguntas porque te traí. E eu simplesmente te responde: “desculpa se toda a minha vida te segui meu amor, e se com a fidelidade que prestei ao teu beijo, hoje me matas, com o frio que a tua pessoa emana."

domingo, agosto 20, 2006

Perdoa-me

Se te tapei os olhos para não veres a burrada do mundo
Se te beijei quando queiras ir embora
Se não gritei quando nos chateamos
Se não tive folgo suficiente para dizer que te amava
Se os meus olhos se perderam naquele decimo terceiro dia que te vi
Se lutei contra os teus monstros e os derrotei
E perdoa-me se no final de tudo perdi a vontade de olhar o céu a teu lado

sexta-feira, agosto 11, 2006

Sentei-me em frente a ti, e fiquei simplesmente a olhar-te, como tinhas crescido como tinhas mudado, procurei os traços de menina que ainda poderiam existir em ti mas percebi que estavam mortos e enterrados. Perguntei-me onde estaria a menina de mil e um mundos paralelos onde existem meninos e meninas à procura da vida, do sonho, do ponto máximo da desordem e da loucura.
Percebeste que te observava e sorriste para mim, já os teus olhos não conseguiram esconder-se de mim e choraram a tristeza que o teu sorriso escondeu. Aos poucos foste perdendo o controlo do teu corpo e tentaste esconder-te como um animal assustado, mas para onde quer que fosses eu via-te e agora podia controlar cada passo. Puseste a cabeça sobre as pernas tentado esconder a cara, mas mesmo assim eu podia sentir-te do outro lado, como pudeste crescer tão triste, tão desnorteada de ti. Como conseguiste perder aquele brilho que tão naturalmente irradiavas, os teus olhos só ganham brilho pelas lágrimas que deitam e que tu escondes de todos. Que amargura é essa que te prende? que pedra de gelo te tornaste. Porque não deixas os outros se chegarem a ti? Pergunto-me se ainda sabes como é gostar de alguém? Como é sentir aquele friozinho no estômago? Precisas dos outros só por fachada, para te esconderes de ti mesma, como me pudeste fechar durante tantos anos no teu sótão achas que vivias melhor sem consciência? Olha para o espelho não tenhas vergonha, consegues ver-me sou aquela que prenderdeste...


p.s: Porque tenho a noção que os meus textos são estranhos/confusos explico que a rapariga do texto se estava a ver-se ao espelho e quem a via do outro lado era ela mesmo.
Por de trás das nossas atitudes existem histórias que nem sempre gostamos de recordar...