segunda-feira, junho 23, 2008

Amor

Cai o sol naquela cidade pequena, ela olha para a janela à procura dele, as saudades do que foram atropelam-lhe os pensamentos, caiem-lhe lágrimas por saber que ele já não esta tão perto, ou por perto, ou somente com ela a seu lado.
“Volta! Volta para mim, porque não me sinto ninguém, porque não me sinto capaz de ser fiel a qualquer outra pessoa. Porque tu apareces com sorriso das crianças, com fechar dos olhos antes de dormir, no voo das cegonhas, no bater da água salgada na areia, ou no sabor do café quente.”
Quem sabe a brisa fresca lhe faça bem, sai porta fora, rumo à marginal onde sempre tivera com ele, onde foram amigos, onde foram amantes, aonde foram namorados amantes do mundo. A seu lado um passarinho vai se aproximando na tentativa de apanhar as migalhas de pão que ela vai deixando cair no chão. A paisagem é calma e sabe-lhe a ele, cheira-lhe a ele. Ali, ela mesmo longe revive todos os momentos, sente os beijos, as festas na cara, o passar da mão dele no seu corpo e o arrepio que isso lhe provocava.
Depois de muitos minutos ali, o passinho pergunta-lhe:
-- Que ainda fazes aqui?
Ao que ela responde:
-- Espero-o.
-- Devias cá ter estado ontem, ele esteve por cá e tinha a mesma expressão no rosto que tu tinhas à pouco. Ele chorou tal como tu sentada nesse muro, ele deu me comida tal como tu o fizeste, deixou que a noite caísse, que as luzes se acendessem e deixou que a paisagem se cansasse dele. Limpou as lágrimas que lhe caiam da cara acendeu mais um cigarro, olhou para o pulso sem relógio e disse para o mundo: “porque é que no dia que decidimos fugir tu não estavas em casa?” revoltado pegou na mala e andou para longe.
Ela limpa as lágrimas mais uma vez do rosto e suspira como que ganhar tempo. Olha para o pulso sem relógio. E quando estava prestes a levantar-se ouve:
-- Porquê? Porque deitaste tudo a perder? Porque não me prendeste a ti como tinhas prometido, porque foste fraca?
Ela com toda a sinceridade que podia ter dentro dela respondeu-lhe:
-- Só agora que te perdi, sei o quanto realmente tinha que ter fugido, só agora sei o quanto o meu ser gosta de ti, só agora dou valor a tudo o que tivemos, só agora tenho saudades e necessidade das coisas mais simples que me fazias, como o aconchegar dos lençóis. Porque só agora sei que és tu e não mais ninguém.
-- Deverias sabe-lo desde sempre. Sabes como sou vingativo, sabes como não sou capaz de esquecer, como queres que esqueça o quanto me fizeste sofrer, como queres que esqueça tudo.
-- que fazes aqui? Se não tivesses tenções de o esquecer.
-- Procuro apenas apreciar o momento e lembrar me do que fui para saber o que sou.
-- Eu procuro apenas ter te. E tu ainda me queres ter 5 minutos seguidos doutros 5 e de outros 5 minutos?
Ela estendeu-lhe a mão como já fizera noutras alturas e ele embora receoso deu-lhe a sua.
-- Prometo te que não te vou conseguir perdoar outra vez
Ela abraça-o e diz-lhe:
-- Não vais precisar, Amor.

2 comentários:

Rain disse...

bom voltar aqui e retomar todas estas leituras! Bj

JFA disse...

Tudo me é tão familiar que até me arrepiu. ah coicidencias bastante interesantes. Leio e releio cada história. Muitos parabens pela tua escrita.