Se amar é gostar incondicionalmente, não importa a cor, a forma, o tamanho, os defeitos, tudo. E se amar é isso, então eu amei-te com todas as minhas forças, mais até do que me amei a mim. Mas que importância teve eu ter dado tudo o que tinha e o que não tinha, que importância teve eu reprimir-me a mim se no final, nada serviu nada valeu realmente a pena.
Crescer é difícil e devo dizer-te que esperar-te naquela cama de hospital foi demasiado difícil, principalmente quando percebi que não vinhas. Mas sabes que mais? Não faz mal eu perdi-te já sei isso. Agora és livre para fazeres o que quiseres, porque eu sei que há de haver um dia por mais longínquo que seja, e por poucos que sejam os minutos ou os segundos que tu penses em mim vais ter saudades. E vais arrepender-te de não teres percebido que eu só te queria a ti, só queria que me amasses!
E peço desculpa se cometi o erro de te amar demais, e querer-te mais do que o que tu querias que eu gostasse, mas agora já não corres esse perigo. Já não o volto a fazer, porque sei que não queres, não gostas, pronto acabou não faz mal, não tens a culpa de ter deixado de gostar, e eu devia saber o meu limite. E agora que o atingi só tenho que perceber que amar-te mais a ti do que a mim mesma não te fez ver o que tu eras para mim, não fez com que me amasses mais, alias fez com que te perdesse.
A pior parte sobre perder o amor é encontrar o caminho de volta… e quem sabe eu encontre o caminho de volta para mim mesma.
Anteontem tentei matar me. Se me orgulho do que fiz? não mas também não me arrependo…
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2 comentários:
Amor
Quando os instantes de amanhã se acumulam nas
paredes da casa, eu rasgo as páginas onde te escrevo,
porque sei que tudo será desnecessário, tudo será
frágil. Quando imagino o sol que não sei se poderei ver,
esqueço as paredes e,
com tanta força,
quero que sejas feliz.
José Luís Peixoto
in A Casa, a Escuridão
@Nokkas:
Para ser sincero, não sei se consigo corresponder ao que pediste de mim. Não posso, em boa consciência, dizer que a vida é sempre um caminhar sereno. Às vezes pode bem ser, e é, o contrário. Mas em outras ocasiões, não vais querer mais nada senão aqueles preciosos momentos em que te encontras viva. Sei bem o que é querer e não ter, e sei bem o que é amar alguém que abre mão de tudo o que construímos, por esta ou aquela razão. Não digo isto com a intenção de te contar a minha história, até porque não tenho só uma e até porque não quero falar de mim, mas digo-te que não podemos ter o doce sem o salgado. A vida vale a pena viver? Absolutamente. Vale cada momento em que respiramos. Quando temos a felicidade, a intimidade, o desejo, tudo isto a correr-nos nas veias e no coração, é aí que a vida mostra o seu melhor. Quando não temos, devemos consagrar esses momentos de vazio a homenagear o que um dia tivémos e nunca, em circunstância alguma, pensarmos que foi em vão ou que a felicidade já não volta. A vida é bonita e vale a pena viver. Não digo que não tenha acidentes de percurso, que não tenha momentos piores. Nem sempre é boa para nós, é verdade. Quando escrevo, escrevo ciente disso. Mesmo os poemas mais escuros que escrevo são escritos com essa noção. E os mais luminosos também sabem da escuridão dos dias. Acho que nunca escrevi algo verdadeiramente feliz mas não é por eu nunca ter sido feliz ou por não acreditar na felicidade - é por saber que ambas precisam de habitar os nossos corpos, de deixar uma marca na nossa vida, para verdadeiramente percebermos o quanto elas são importantes.
Sim, a vida vale a pena viver - quando a vivemos. E é isso que precisas de fazer. Vale a pena viver cada dia que quisermos realmente viver. Sei que longe do que ou quem mais queremos é difícil, mas também sei que nem sempre o que queremos é o que verdadeiramente precisamos.
~Diogo Ribeiro.
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